Texto: Iepé/RCA 6q672v

O Instituto Iepé e a Rede de Cooperação Amazônica (RCA) levam para a Conferência do Clima em Bonn, na Alemanha, a experiência de formação e pesquisa intercultural conduzida pelos Agentes Ambientais Indígenas (conhecidos como Agamin) do Oiapoque (AP) sobre transformações ambientais e mudanças do clima.
Com a apresentação de um banner e a distribuição de uma publicação, as entidades atendem ao chamado do Grupo de Trabalho Facilitador (FWG) da Plataforma de Comunidades Locais e Povos Indígenas (LCIPP), reunido em Bonn, de 10 a 14 de junho de 2025.
Inovando em sua programação, o grupo convocou organizações que contribuem com a Plataforma a apresentarem reflexões colaborativas informais, por meio de intercâmbios inter-regionais e intergeracionais. O Iepé e a RCA levaram, então, a experiência de formação de pesquisadores indígenas, que envolveu 40 jovens dos povos Karipuna, Palikur, Galibi-Marworno e Galibi Kali’na, entre 2019 e 2024.
“Essa iniciativa traz resultados potentes para a discussão climática global, a partir de conhecimentos tradicionais, complexos e minuciosos elaborados nos territórios indígenas. Daí sua importância de ser compartilhada nesse espaço internacional”, ressaltou o antropólogo Luis Donisete Benzi Grupioni, coordenador executivo do Iepé.
Pesquisa de Marcadores do Tempo 2y3y4y
Moradores das Terras Indígenas Uaçá, Galibi e Juminã, em Oiapoque, esses pesquisadores indígenas realizaram pesquisas interculturais nas quais sistematizam conhecimentos próprios de seus povos sobre os conceitos, percepções e indicadores relacionados às transformações ambientais, considerando suas causas e efeitos que provocam em seus modos de vida. Mais de 100 indicadores indígenas, considerados como “marcadores do tempo”, foram sistematizados e estão sendo monitorados por evidenciarem os impactos das mudanças climáticas em seus territórios.
As pesquisas mostram que os indígenas estão percebendo mais mudanças e incertezas nos padrões das estações do ano conhecidos pelos mais velhos, o que afeta diretamente atividades do dia a dia, como o cultivo das roças. As mudanças nas chuvas e o surgimento de novas pragas, como a vassoura-de-bruxa da mandioca, estão causando sérios impactos na vida dos indígenas da região, afetando especialmente os sistemas agrícolas tradicionais, sua principal forma de subsistência.
Conduzida pelo Iepé, a formação intercultural ajudou os indígenas a testar estratégias para lidar com as mudanças ambientais, como o surgimento de uma praga na mandioca. Assim, além de valorizar e retomar práticas tradicionais que haviam sido abandonadas, eles também puderam incorporar em seu dia a dia novas práticas agroecológicas.
Como resultado, foram produzidos materiais, como esta publicação, que estão sendo usados nas escolas das aldeias como apoio ao ensino diferenciado, e até na universidade, como referência dos povos indígenas do Oiapoque em debates acadêmicos.
“A reflexão teórica aliada a experiência prática tem apontado para a possibilidade de soluções criativas no enfrentamento ao impacto das mudanças climáticas entre os povos indígenas na Amazônia”, explicou Rita Becker, coordenadora da formação intercultural e do Programa Oiapoque do Iepé.
Delegação da RCA na Conferência do Clima em Bonn 4o5o54
A experiência do Oiapoque está sendo apresentada pela delegação da RCA como parte das atividades da 13ª Reunião do Grupo de Trabalho Facilitador da Plataforma. O grupo acompanha a reunião e participará de eventos durante a primeira semana do 62º período de sessões do Órgão Subsidiário de Aconselhamento Científico e Tecnológico (SBSTA) da Convenção do Clima. A delegação da RCA é composta por Yanukula Kayabi (da ATIX), Hildete Souza (da Foirn), Luene Karipuna (da AMIM) e Talita Alves (da secretaria executiva da RCA).
A formação em mudanças climáticas no Oiapoque foi apoiada pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS), Environmental Defense Fund (EDF) e Rainforest Foundation Norway (RFN). A delegação da RCA conta com apoio do Instituto Clima e Sociedade (ICS) para participar das atividades na Alemanh