Esse termo, que significa ‘nós’, é um classificador que diferencia este grupo de pessoas dos grupos não-zo’é, tal como eram considerados os inimigos do ado (Apam ou Tapy´yi) e como são hoje os não-índios (Kirahi). Gradativamente, porém, o nome Zo’é vem sendo apropriado como um etnônimo, que não se sobrepõe, entretanto, às outras denominações utilizadas pelos diferentes grupos que se consideram hoje ‘Zo’é’. q1j4t
Falantes de uma língua Tupi-Guarani, os Zo’é convivem com agentes de assistência há apenas quatro décadas. Entre 1982 e 1987, foram ados pela Missão Novas Tribos, que atraiu toda a população numa base instalada no sul do território, onde permaneceram concentrados até 1991. Nessa data, a Funai assumiu a responsabilidade da assistência, com um posto em Kejã, no centro da terra indígena, onde as ações de proteção variaram sensivelmente ao longo dos anos.
Somente em 2009, com a reestruturação da Funai, estabeleceu-se uma política específica para os povos de recente contato, no âmbito da CGIIRC. A Frente de Proteção Etnoambiental Cuminapanema (FPE M), criada em 2011, segue essas novas diretrizes, promovendo a integridade cultural e territorial do povo Zo’é, que mantém vigorosamente suas formas de organização social e territorial.
Sua população praticamente dobrou nos últimos 20 anos. São hoje 324 pessoas, que circulam entre 52 pequenas aldeias. Seu modo de vida é caracterizado pela intensa mobilidade das famílias entre diferentes aldeias e acampamentos. A dispersão redunda em vigilância e essa promove incursões em áreas onde há fartura de recursos, como nas margens de rios maiores que os antigos Zo’é não ocupavam tão intensamente. Assim, vivem da floresta sem degradá-la, uma vez que as atividades de cultivo das roças, de caça, pesca e coleta são feitas em pequena escala, pelas diferentes famílias, em áreas distintas.
Nos últimos anos, abriram um número significativo de assentamentos. Esse processo de dispersão está relacionado a vários fatores, entre eles o apoio logístico que recebem da FPEC-Funai e de outros parceiros. Ultimamente, se mobilizaram para a vigilância da porção sul do território, que foi invadido por castanheiros e pescadores, instalando aldeias novas que viabilizam a ocupação sustentada na região.